SABOREIE TODOS OS INGREDIENTES

Quando olhamos em paralelo para um ecossistema florestal, pleno de beleza, elegância não gerando qualquer tipo de desperdício no seu processo de evolução com um processo industrial pleno de resíduos, desperdício e poluição questionamo-nos qual dos dois será o mais evoluído?! Os nossos sistemas alimentares atualmente estão mais alinhados com os processos industriais do que com o virtuosismo dos sistemas florestais – no entanto, estamos a tempo de fazer esta transição! 

  • Como podemos garantir o acesso aos alimentos de forma integral e em condições de qualidade e higiene, sem o uso de embalagens com plástico descartável?
  • Como podemos assegurar que todos os nossos alimentos são produzidos localmente, e desta forma reduzimos a necessidade de transportar comida de zonas longínquas?
  • Como podemos garantir que todos os alimentos que chegam até nós mantém as características de frescura desejáveis?
  • O que podemos fazer para evitar que os alimentos frescos que adquirimos acabem como desperdício alimentar nas nossas casas?
  • O que precisamos de fazer para assegurar que todos os nutrientes contidos nas partes dos alimentos que não consumimos (nomeadamente: caules de legumes e cascas de ovo, entre outros) regressam novamente aos solos que produzem novos alimentos?

Tornar o ciclo alimentar fechado é um desafio urgente ao qual nos devemos dedicar! 

Fatos e números relevantes:
Did you know that the Fruta Feia (Ugly Fruit) project has prevent over two thousand tons of fruit and vegetables from ending up in the garbage, just because of appearance?  This project helps 242 farmers to sell their “blemished” product to 5,934 customers nationwide.


O LIXO COMO MOEDA

Um hotel nas Ilhas Baleares servia exclusivamente alimentos orgânicos aos seus hóspedes. No entanto, a produção e a oferta não eram tarefas fáceis, pois a falta de matéria orgânica nestes solos dificultava o crescimento dos vegetais plantados.

Produzindo o hotel uma quantidade satisfatória de composto ao tratar os seus resíduos de forma sustentável e orgânica acordou com os agricultores locais trocar este material por vegetais por eles produzidos. Esta troca é direta e não envolve dinheiro.

ECOLOGIA NA COZINHA

O nosso fígado age continuamente como um filtro aos elementos tóxicos presentes nos alimentos que ingerimos. Um dos processos mais eficazes para o ajudar a recuperar dessa árdua tarefa é submetermo-nos a um programa de ingestão de sumos num período de 3 a 10 dias. Estes sumos proporcionam ao nosso intestino um repouso, dado que há uma redução da quantidade de fibras que deglutimos. Este programa inclui a introdução de probióticos na nossa alimentação que permitem restabelecer o equilíbrio dos microrganismos da nossa flora intestinal. No processo de produção destes sumos encontramos como subproduto todas a fibra presente nas folhas, caules e raízes das plantas orgânicas utilizadas. Grande parte desta matéria pode tornar-se preciosa como ingrediente principal na confeção de saborosos hambúrgueres vegetarianos. 

Este processo para além de ecológico pode ser divertido. É bom tirar prazer no processo de seleção do tipo e quantidade de cada um dos vegetais (beterraba, cenoura, espinafre e outras folhas verdes…) que queremos juntar aos nossos hambúrgueres e neste processo descobrir novos sabores e paladares. Basta misturá-los com ovos, adicionar temperos, ervas, alho, farinha de coco e casca de psyllium, fritar rapidamente em óleo de coco, e o resultado é delicioso!


CHEFS RETRIBUEM EM TEMPOS DE CRISE

Ainda não sendo possível estimar todas as consequências diretas e indiretas da pandemia COVID19, o ano de 2020 entrará na história indubitavelmente como um tempo de crise. Neste momento já não existem dúvidas que o setor da Alimentação e do Turismo foram colocados subitamente perante um teste de resiliência e de cidadania. É essencial expressar gratidão àqueles que abraçaram este momento como uma possibilidade de servir no seu domínio e fazer disso missão.

Com a declaração da pandemia, muitos restaurantes e pequenas organizações começaram imediatamente a trabalhar na entrega de alimentos aos trabalhadores da linha de frente, como são exemplo os trabalhadores hospitalares e, conforme as redes sociais começaram a comunicar essas iniciativas, muitas possibilidades se abriram. A maneira como esse fenômeno de doação começou e como essas pequenas organizações se envolveram e se tornaram efetivas ainda podem se mostrar estrategicamente relevantes para esse setor no futuro.

A Food for Heroes (PT) é uma destas plataformas, construída por iniciativa de seis restaurantes de Lisboa que se juntaram para, de forma voluntária, servir almoços e jantares a profissionais de saúde. Qualquer hospital pode pedir apoio à Food for Heroes através de mail para foodforheroespt@gmail.com

No Algarve o Chefe Rui Silvestre lançou o Alimentar a Saúde para ajudar quem mais precisa. No Porto, vários chefes também já estão a preparar refeições para entregar a quem não tem.

O “take away” floresceu e as iniciativas individuais rapidamente se tornaram redes e plataformas de resposta.

É um imparável movimento que se preocupa com alimentar em tempo de crise reconhecendo que alimentar convoca todos. “Chefs”, proprietários de hotéis e restaurantes e outras pessoas deste setor estão a iniciar um movimento que pretende devolver o sentido de serviço, de cuidar, à “hospitalidade – palavra cujas origens significavam cuidar “.

Isto é reinventar-se na crise.

(Forbes article on the topic)

DEVOLVER À TERRA MÃE

A alimentação tem impacto sobre todos os aspetos das nossas vidas: económico, social e ambiental e todos nós desempenhamos um papel fundamental com as escolhas que fazemos e na relação com o mundo em que vivemos.

Felizmente, com acesso a informação, tornámo-nos mais sensíveis ao desrespeito pelo meio ambiente, à industrialização da alimentação e à consequente superprodução de embalagens e a todo o desperdício gerado por hábitos que não contemplam a saúde humana (nem planetária).

Sabemos o quanto de desperdício produzimos, pelas quantidades de embalagens que separamos diariamente nas nossas casas e ao mantermos uma relação pouco crítica com as nossas escolhas acabamos por descuidar a vitalidade de incorporar estratégias saudáveis de reduzir e rejeitar o tanto de alimentos que vêm convenientemente embalados e pré confecionados, mas que pouco ou nada de vida, de nutrientes, de luz, contêm.

Although the intention of producing foods in bigger quantities and therefore further away from their consumers, was to make them more accessible to more people (therefore quantity became the driver), the facts show us that the food reaching us in cities has less life, less nutrients and less light and that the soils where we produce our food are depleted of their natural nutrients and balance.Although the intention of packaging food in single use plastic has been to protect the longevity of fresh foods and hygiene of food overall, the facts show us that single use plastics have become one of the biggest environmental challenges of our times.

Não podemos deixar de lembrar que o desperdício gerado por esta prática é quase todo adubo para fertilizar os solos e assim devolver à terra o que não nos serve mais, mas em vez de plástico, é nutrição e alimento que lhe devolvemos e que ela própria consegue reciclar. Esse retorno, esse encantamento, essa empatia com os processos naturais é lindo demais e resgata essa conexão perdida pelas vidas vividas demasiado depressa.